domingo, 3 de fevereiro de 2008

Chove..

Se chovesse nos sonhos tudo era mais triste...

Chove na vida, implacavelmente sobre o mesmo perímetro ínfimo. E a derradeira gota apanha balanço da nuvem grotesca, leviana no vento, sugadora de gravidade...e Impiedosamente Cai em mim..
Antes levasses para a terra os estilhaços que ainda ferem este corpo, pedaços de momentos partidos na fricção da razão. Mas não. Teimas e ensinas-lhes a melhor maneira de cortarem como lâminas, de ferirem como punhais, de dilacerarem como seres humanos ! O que fiz eu contra a Natureza..apenas existo! Porquê que tu, pequena e poderosa mensageira dos céus pressionas os meus medos contra os meus anseios? Natureza Perversa e Pérfida...minha ou tua? ou nossa fundida num passado remoto que ninguém lembra nem conhece?
Chove la fora, já não em mim...todos se protegem... eu já nao me encolho, nada há para proteger... o corpo abandonou-se a abertura para mundos e indecisões de vazio..

Chove em mim, lá fora, cá dentro, na realidade mas nunca nos sonhos....Nos meus há sempre um sol que embala na musíca do calor...

1 comentário:

lete disse...

Estás tão triste...
Leio-te e sinto toda a tristeza que parece esmagar-te - e também eu fico assim. O que é que eu posso fazer?
No entanto, é um texto tão profundo, tão cheio, tão rico, tão bonito (porque não?!)... e no final consigo perceber que a esperança está lá, que, talvez, seja uma chuva passageira...
Como eu quero ler sol, arco-íris, manhãs marchetadas em vez de chuva, nevoeiro, tempestades!!!
Vá lá...