
Toda eu tremia. Os pés descalços sentiam a frieza do solo, o seu sugar encolerizado. Inspirei o ar fresco...expirei os medos...e voltei a mim. O dia adormecia sobre a cidade, regando o rio de cores pasteis e traquinas, e preparava-se para andar rumo a outros sonhos. Olhei e tornei-me parte desse ritmo descompassado de existência. De repente já não tremia, não temia...já nada havia. Sorri à vida, troçei a morte...fechei os olhos e Fui. E já não havia corpo nem mundo, começava a tornar-me etérea e a fundir-me com o leve ar que rodeava...que era eu em si. 3..2..1...E já os telhados estavam abaixo de mim, as pessoas caminhavam penosamente e eu era tudo o que as rodeava..estava dentro e fora...era o pleno e o nada. Quero ser Icaro e sentir o cheiro das nuvens e o toque do ar mais puro, guardado como tesouro num plano acima e apenas atingível naquela fracção de vida entre o dia e a noite, onde existimos e sossegamos o coração.Quero ser Icaro e subir....e se cair...voarei outra vez. A cidade já não esta em frente, está abaixo e ao lado e em cima...
Corro entre as telhas desconfiadas e as árvores sorridentes.- "Há quanto tempo ninguém me visitava!Volta sempre, aqui é a tua casa!"Falavam ou já era eu que dava voz a todos os elementos do mundo, que nunca deixaram de estar em nós...a comunicação está apenas um pouco enfurrujada...
Todos os dias volto a ser Tudo, a parte mais extraordinária deste turbilhão é esta...é-nos dada a oportunidadede de desnascer, de deixar de ser, de Viver....
1 comentário:
LIIINNDDOOO
Adorei. Estás a encontrar-te, de novo?
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