segunda-feira, 7 de abril de 2008

no balão....

A certeza de que nada é certo, de que tudo muda num sopro caprichoso, é o elo mais forte do ser humano com a própria vida. Nada nos sustém, nada nos garante, a não ser a essência de Sermos....Nós. E isso não podemos renegar, a eterna certeza; à deriva e incertos percorremos a estrada. Temos apenas uma escolha, derradeira. Se somos nós a escolher o trilho ou se deixamos a brisa incerta nos marcar as pegadas na areia. E se escolhemos o solitário caminho da responsabilidade, sofremos, tombamos, arrastamo-nos, mas sentimos a plenitude que é subir, alcançar, renascer. E aí reside a verdadeira beleza de ser humano, o poder de Fénix, de nos destruirmos, tornarmo-nos cinzas de nós mesmo e renascermos para mais uma jornada. O Bem e o Mal não existem, existem apenas os caminhos que nos fazem andar até um desses pólos...e o resto é conversa. Não somos perfeitos, nem divinos e não creio que seremos o ser eleito para alcançar o paraíso...muito pelo contrário. A nossa verdadeira perfeição reside no facto de contermos tudo o que de víl existe, de sermos contentores de dores e sonhos, prazer e defeitos. A imperfeição torna-nos verdadeiros. A hipocrisia de não o aceitarmos torna-nos mediocres. Eu acredito, e continuarei a acreditar. As dúvidas movem-me, as certezas castram-me e os sonhos fazem-me existir. E enquanto disser isto num sorriso saberei que sou apenas....Humana.

O meu caminho resida na busca da Verdade...qual eu não sei. Procuro a abrangência do ser humano, o sentir-me cheia em uníssono com os elementos que me rodeiam. Quero sorrir e chorar sempre em verdade, quero ser eu sentindo todos os que me rodeiam. A solidão seria em mais fácil, mas também bem mais vazio. Não se enganem, o caminho nunca será fácil nem prazeiroso....mas pensando bem, a verdadeira contemplação reside nesses entretantos.




"Graças a deus não nasci em 1500: nasci tarde demais para o desconhecido, cedo demais para a lucidez. Não sei o que procuro, mas sei do que fujo. Não sei o que encontro, mas sei que vou, que flutuo- como este grande balão, devagar mas em frente, suspenso sobre tudo o que são certezas, a terra firme onde os outros são felizes e realizados e eu não. "
Miguel Sousa Tavares Rio das Flores

2 comentários:

lete disse...

Há muito que não passava por aqui.
Tens estado em grande actividade: olhar, ver, sentir, ajuizar, opinar, SER.
Gostei de ler tudo, mas comoveu-me, particularmente, este texto.Ultimamente, julgo que tem sido este o teu estado: "no balão...", com tudo o que fica implícito.
Xi coração

margarida disse...

Que lindo o teu blog!!! é mesmo TEU!! um orgulho para quem te conhece!! fiquei fã!! beijinhos